sexta-feira, 8 de maio de 2009

Homeostética












A Homeostética ou Movimento Homeostético é um movimento artístico surgido em Lisboa no ínicio dos anos 80 na sequência do movimento neo-canibal e do esforço para criar uma revista com esse nome.

Composto inicialmente por Manuel João Vieira, Pedro Portugal, Ivo, Pedro Proença e Xana, que frequentavam então a escola de Belas Artes de Lisboa, estreou-se em 26 de Maio de 1983 com a 1ª Exposição Homeostética, com um manifesto, um hino, uma banda sonora (Concerto para máquina de lavar a loiça e pandeireta) e a revista/fanzine Filhos de Àtila, da qual saíram durante a exposição dois números.

Homeostética é um termo inventado em 1982 por Pedro Portugal a partir da leitura do primeiro volume do Método de Edgar Morin, em que as ideias sistemicas e cientificas da complexidade são abordadas. A associação a outros termos como homeopatia e homeostase é assim natural, inserindo-se numa bio-lógica de auto-regulação e de interactividade generalizada. A autonomia da arte relativamente à physis (ao perpétuo eclodir) é absurda. Nos primeiros documentos que se destinavam à publicação da revista Homeostética, datados de Fevereiro/Março de 1982 fala-se de "hipercomplexidade", de "artephysis": "A artephysis é uma pretensão genésica, caosgenética e cosmogenética, é a superestrutura que cede o lugar à poliestrutura, é a civilização que passa a focos civilizacionais interactuantes, é a individualização colectiva processada a um nivel multiforme e hiper-complexo, e não a individualização uniformizadora e separadora." (in diário de um neo-canibal). Este contexto é aliado a uma atitude "dadaísta de 5ª geração" (Manuel Vieira), a um "hiperdadaísmo voluntáriamente fracassado" (Pedro Proença) e a um ar do tempo (moda da mudança paradigmas, pós-modernismo, etc.) em que um termo é mais a multiplicidade das suas definições e posições do que um conceito estanque. Ou então é a sua capacidade de suscitar performances, como por exemplo: "festas homeofrenéticas".
Mais recentemente Rodrigo Sousa refere-se ao "homoios" de homeostética como algo de importância capital, porque assim sendo, a homeostética é algo "que se parece com a estética", logo, que se parece com a arte, sendo uma fraude relativamente aos mecanismos de legitimação da arte e da estética. Este pressuposto não só suspende todo o desejo de legitimação como considera hipócrita a Arte nas suas manias legitimizadoras, sobretudo as vindas da Estética ("a estética, bem intencionada, é metafísica do mercado").
A Homeostética não se propõe nem acabar com a arte, nem sabotá-la, nem denunciar algo, mas pura e simplesmente viver a vida conscientemente, no mais nobre e no mais sórdido, praticando algo que é tão baixo ou elevado quanto a arte, confundindo-se por vezes com esta, de forma a poder sobreviver, ou distanciando-se por vezes paródicamente, sabendo que é muito mais importante a participação na artephysis do que art-world.























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